Imagine um rei sentado em seu trono, convencido de que governa com justiça e sabedoria, quando, na verdade, seu reino está em ruínas. Será que esse rei gostaria de abdicar? Será que ele sequer enxerga a destruição ao seu redor? Assim são os narcisistas.
A maioria deles não deseja mudar porque não acredita que há algo errado consigo. Para um narcisista, seu jeito de ser não é um problema – é uma vantagem. Ele se vê como especial, superior, alguém que merece mais do que os outros. Se há sofrimento, é culpa do mundo, das pessoas ingratas, dos fracos que não souberam lidar com sua grandeza.
Mas e aqueles momentos em que um narcisista parece abalado? Quando perde alguém importante, quando sua manipulação falha, quando é desmascarado? Pode haver um lampejo de consciência, um instante em que percebe que sua máscara está caindo. Alguns até buscam terapia, mas raramente por arrependimento – e sim para aprender a recuperar o controle, aprimorar suas estratégias, sair do papel de vilão e vestir a fantasia de vítima.
Para deixar de ser narcisista, seria necessário encarar um processo doloroso de autoconhecimento, revisitar traumas, admitir falhas e abrir mão do poder ilusório que exerce sobre os outros. Mas um narcisista faz tudo para evitar a vulnerabilidade. Ele prefere sustentar a mentira a aceitar a verdade.
Então, a resposta é simples: não, os narcisistas não querem deixar de ser narcisistas. Porque, no fundo, ser assim é o único jeito que eles conhecem de sobreviver.